terça-feira, 26 de outubro de 2010

Maurício de Souza - Entrevistado por Thais Naldone - Folha Online

















Thais - Antes da onda de se falar em inclusão o personagem Humberto, que é surdo. Qual a motivação para criá-lo? ele é inspirado em alguém real?
Maurício - Não. O Humberto é um personagem de ficção, que julguei interessante incorporar à turminha. Ele passa uma mensagem de inclusão mais do que natural.

Thais- Entre a criação de Humberto e Luca passaram-se muitos anos. Já entre Luca e Dorinha o tempo foi bem menor. O que levou a criá-los?

Maurício- Foi a necessidade de incorporar mais alguns amiguinhos da turma com necessidades diferenciadas para podermos trabalhar melhor o processo de inclusão.

Thais - Todos ospersonagens com deficiências têm em seus traços caracteristicas que se sobressaem a elas. Luca é descolado jogador de basquete e as meninas são loucas por ele. Dorinha é super fashion, mesmo que não enxergue a roupa que está usando...

Maurício - Essas características são colocadas para reafirmar ao público, principalmente às crianças, não somente a mensagem de inclusão, mas a de que pessoas com algum tipo de deficiência têm suas vaidades, necessidades, sonhos e personalidades diferentes.

Thais - Qual a reação dos leitores, da Turma da Mônica, - e suas famílias - com a entrada dos personagens com deficiência?

Maurício - Pelo contato que tenho com as crianças, principalmente quando estas e os personagens se encontravam no "Parque da Mônica"( que existia dentro de um shopping de São Paulo), eu percebia a curiosidade natural que há com o respeito à vida de uma menina cega, de um cadeirante ...

Nasciam diálogos curiosos, respeitosos e carregados de humanidade entre as crianças e o personagem. Este naturalmente, bem preparado para responder às perguntas. isso deve acontecer deve com relação acontecer com relação aos quadrinhos também.
As histórias devem desencadear uma curiosidade natural para uma conversa mais aberta e corajosa de um leitor com uma pessoa com algum tipo de deficiência.

Thais - Qual a importância de expor as crianças às diferenças, com a inserção de personagens diversos?

Maurício - Aumenta o respeito e a informação. É tudo de bom.

Thais - Qual o cuidado ao escrever histórias que abordam a deficiência, principalmente quando o público-alvo é infantil?

Maurício - Temos que nos preparar bem, conhecer a realidade dessas crianças e tentar passar tudo isso, com a maior naturalidade,nás histórias.

Thais - existe a cobrança por mais personagens com algum tipo de deficiência na Turma> Há algum plano?
Maurício - Neste momento não. Mas estamos atentos e preparados para continuarmos com esse trabalho.
Fonte: Blog assim como você.









2 comentários:

  1. Lembro-me, algum tempo atrás, de uma criança se referir a uma classe de alunos especiais que havia em sua escola de uma maneira ligeiramente pejorativa. Não culpo a criança por isso, ela ainda está em formação e talvez não se dê conta exatamente do que está dizendo. Mas é interessante a iniciativa de gente como o Maurício de Souza em incluir crianças com deficiências em suas histórias. Dada a grande penetração de suas historinhas e sendo um escritor amado pelas crianças, elas vão, desde cedo, tomando contato com as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com alguma deficiência, mas aprendem que são pessoas como todas as outras, com emoções, sentimentos e que, se há alguma diferença, ela se limita, talvez, à aparência ou a alguma dificuldade que encontrarão para determinadas tarefas. E termina por aí.

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  2. Exato Luís.
    Quando criança, eu gostava muito das histórias em quadrinhos. Meu pai me presenteava sempre com Almanaques do Tio Patinhas, Pato Donald e tantos outros. Nas férias, ler as historinhas era umas das minhas diversões prediletas. Depois era cavalgar, pescar, nadar, subir em árvores, brincar com animais, e tudo que me aproximava da naturaza. Creio que a inclusão deve ser alimentada quando ainda somos crianças, pois é onde começa a percepção de tudo que nos cerca, e assim apredemos e começamos a ter respeito pelas diferenças.
    Tive na infância uma convivência sadia com as crianças que eram filhas dos moradores da fazenda, - que eram pobres, e tinham entre eles, negros e deficiêntes físicos e nunca houve segregação por serem diferentes de mim. Creio que meus pais tinham uma visão inclusiva e que priorizavam muito mais as qualidades das pessoas, que qualquer outro detalhe.

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