quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Gattaca -

Gattaca - Filme de ficção científica -

O título do filme - GATTACA - é um acróstico formado a partir das iniciais das bases nitrogenadas do DNA: Guanina, Adenina, Timina, Timina, Adenina, Citosina, Adenina.
Gattaca se passa num suposto tempo futuro não tão distante, mostra uma sociedade em que o Estado não tem controle sobre a visão social da qualidade genética e em que tal manipulação genética criou novas espécies de castas, preconceitos e divisões sociais, aparentemente legitimadas pela ciência. Aos pais que desejam ter filhos é dada a oportunidade de escolher e manipular a interação entre seus gametas, para gerarem filhos com a combinação melhor de qualidade genética possível. Esse procedimento acaba criando uma distinção de quem está mais apto para fazer o que na sociedade e como resultado final, gera uma tarja a ser carragada pelo resto de suas vidas:Válido, no geral frutos dessa combinação genética planejada; ou Não-válido, humanos menos perfeitos, com mais propensões a doenças e deficiências, mesmo que mínimas. Aos Válidos são disponibilizados os melhores empregos e as grandes competições, enquanto para os Não-válidos é limitada a liberdade de escolha, por meios socioeconômicos, a exemplo, pelo seu currículo genético não se consegue um emprego melhor que faxineiro. A história do filme envolve dois irmãos, "Vincent Anton" e "Anton", respectivamente concebidos de maneira natural e manipulado geneticamente. Ambos carregam o nome do pai, mas ao saber do resultado genético do primogênito, o pai inclui um primeiro nome diferente no filho não tão perfeito, resguardando seu nome para um segundo filho, supostamente o mais bem sucedido.O primeiro, Não-válido, mesmo tendo pré-disposição a várias doenças e uma previsão de sua morte para seus 30 anos, busca realizar seu sonho contra tudo e todos. Deseja Viajar para as estrelas e com todo seu esforço e um pouco de corrupção do sistema, tenta superar os limites impostos ao seu destino, sendo obrigado a esconder de todos quem ele realmente é. ( Revista Galileu nº 211, fevereiro de 2009, p. 48)

Perguntas:
* Será impressão minha, ou a discriminação já está pensando em alcançar as alças da engenharia genética, para assim sermos considerados válidos ou inválidos?
* Seremos manipulados a esse ponto, como hoje nos manipulam a religião e a política?

Creio IMHO, (In My Humble Opinion) que o futuro da humanidade, será um pouco sombrio, se formos levados a "nascermos  por encomendas" e não regidos pela natureza.


"... o corpo passa a ser vivenciado, na condição de valor de uso e valor de troca, como uma mercadoria. ‘Investir’ no corpo é majorar o seu valor de troca, é colocá-lo em melhores condições para a auferição de lucros nomercado dos bens simbólicos (Santos -1990: 53-4)."


"Pessoas fora dos padrões – gordas, magras, deficientes, marcadas, enrugadas
etc. – normalmente são discriminadas nas sociedades de consumo. O motivo, ao
meu ver, é puramente econômico: aqueles que não se enquadram nos moldes
estabelecidos causam prejuízo."






8 comentários:

  1. O problema é que, com as informações presentes, não está claro onde se localiza a fronteira entre o uso benéfico e o uso maléfico da engenharia genética. A posteriori, o julgamento se torna fácil, mas as decisões precisam ser tomadas a priori. No meu entender, os caminhos frutíferos, não só na genética mas na vida ao largo, são aqueles em que a diversidade e a pluralidade são valorizadas e enaltecidas. Isso vale para todas as esquinas do nosso cotidiano. Por exemplo, na arena política, incluindo a dinâmica partidário-eleitorial, perde-se quando se acha que visões distintas das nossas não são merecedoras de igual respeito e apreço.

    A beleza da vida se encontra na diversidade. O que seria da natureza sem ela? Tente imaginar uma floresta sem diversidade. O que ela seria? Tudo, menos uma floresta.

    Há bilhões de anos as formas mais primitivas de vida migraram da reprodução asexuada para a reprodução sexuada, caracterizada pelo envolvimento de dois seres com características distintas. Desde então, trilhamos o caminho da diversidade. Aliás, nossa espécie (Homo sapiens) é seu fruto.

    A não valorização da diversidade, em todas as facetas humanas e sociais, leva à intolerância e, infelizmente, a engajamentos discriminatórios.

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  2. Se algum dia esse tipo de situação descrita no filme chegar, realmente, à realidade, corremos o risco de que essa discriminação genética ocorra. É esse o perigo do uso da ciência sem limites éticos.

    Mesmo que isso seja, apenas, uma metáfora da nossa sociedade, é um tanto problemático. Sabe-se que, em geral, pessoas mais altas e bonitas, recebem salários mais altos. Na China, as creches se recusaram a receber uma criança de 3 anos que pesa muito mais que as outras crianças, por considerar que ela coloca em risco as demais. Foi a busca pela perfeição que levou ao surgimento do antissemitismo nazista.

    Como disse o Francisco, a beleza da vida se encontra na diversidade. Qual seria a graça se todas as pessoas fossem idênticas, se tivessem os mesmos gostos e tendências? Eu acho que seria meio sem graça...

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  3. Acho que devemos abrir os olhos para o que o filme nos mostra. Usar a tecnologia para criar "pessoas válidas". Imagine só isso? Acredito que a tecnologia deve ser utilizada para prevenir doenças, para a cura. Usar para discriminar mais ainda as pessoas, seria o fim... a vida precisa nascer pelas mãos de Deus...

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Assisti Gattaca quando foi lançado. Foi um dos filmes que mais me impressionou, saiu do lugar comum da ficção científica. Mas se olharmos mais de perto para a temática vemos que se trata de uma das coisas mais antigas da humanidade: Exclusão racial, que vai se sofisticando e atingindo os membros da mesma raça selecionando os mais "hábeis" e os mais "perfeitos". A humanidade sempre lidou com aprimoramento das raças. O que foi o exílio do povo hebreu? 40 anos no deserto, sem trocar dna com ninguém além dos de seu próprio povo. Em Gattaca vemos apenas meios mais sofisticados de depuração racial.

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  6. A meu ver há como em toda distopia uma tendência ao verdadeiro no filme se considerarmos a relação que a Ana pôs no texto. Se olharmos para a questão de que pessoas podem ser antes de nascerem já melhores geneticamente que outras estamos alterando a tal da seleção natural eticamente e criando problemas sérios e irreversíveis para nós mesmos (como conviver com um de nós melhor biologicamente que nós mesmos? Mesmo que em sombra vivemos com a igualdade como meio de socialização, e se o tirarmos?)
    A meu ver o resultado deste filme lê uma tendência natural e autodestrutiva humana de se melhorar desigualmente, ou seja, de quem tiver mais condições de acesso a um ponto melhor que o encontrará sendo cercado pelos demais.
    Estes seres biologicamente modificados são reflexos dos seres socialmente mal educados que já temos e infelizmente tendemos a ter mais.
    Pena que, como para La Fontaine, a moral da história aqui nunca é entendida...

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  7. Gattaca é um ensaio sobre o que pode ser uma sociedade em que o destino das pessoas esteja pré-determinado de forma científica, em que não haja o mínimo espaço para a ação do indivíduo na construção de seu próprio futuro, o indivíduo não comanda suas ações. Uma reflexão sobre como a ciência pode ser usada para legitimar e, no caso, criar uma hierarquia social, principalmente se feita sem crítica e controle da sociedade, ciencia pode controlar, manipular. A mensagem que ele passa para a comunidade científica, é bem moderna sem contar que Gattaca projeta toda a Humanidade atual num futuro muito próximo, o qual, não nossos filhos ou netos não estão livres de viver.

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